domingo, 9 de agosto de 2015

Cruz Alta/RS



 Estrada de Carretas



As primeiras sesmarias recebidas por Matheus e Agostinho Soares da Silva situavam-se entre Cacequi e São Francisco de Assis, na costa oriental do Rio Ibicuí. Posteriormente, receberam e compraram outras sesmarias. As irmãs e seus cônjuges, quando da concessão das sesmarias, podem tê-los acompanhado para seus novos locais de moradia, ou podem ter permanecido na companhia dos pais em Santo Amaro ou local próximo. Aos poucos, investigaremos... O testamento dos pais de Matheus foi aberto em 1810, em Rio Pardo.

Nesta época, já existia a estrada que, através de São Martinho — pouco ao Norte de Santa Maria e através das futuras Cruz Alta e Passo Fundo, alcançava a Vacaria. Em meados de 1812, “dois Milicianos” por ela transitaram sem serem molestados, embora se deva supor que uma pequena escolta de Milicianos Guaranis os tenha acompanhado (Moacyr Domingues).

Dados de 1818, aproximadamente,  indicam a divisão primitiva das terras do Planalto Médio.

O povoamento das missões se originou nos distritos de Cruz Alta. Naquela região, os irmãos Matheus e Agostinho Soares da Silva tomaram posse de terras. A relação de posse de terras que apresentaremos nesta postagem mostra os nomes dos irmãos na posse da Fazenda Céu Azul, próxima ao Ivaí, na atual Júlio de Castilhos.

Boa parte dos primeiros povoadores da região fixaram-se a partir do tropeirismo. Eram paranaenses ou paulistas que vieram do Norte, saindo de Sorocaba, Itu ou Itapeva, em São Paulo, ou Curitiba, Castro, Ponta Grossa e Lapa no Paraná e chegando a Lages em Santa Catarina ou aos campos de Cima da Serra (Santo Antônio da Patrulha), Vacaria e Lagoa Vermelha no Rio Grande do Sul, num primeiro momento e, às Missões ou Cruz Alta e Passo Fundo, no Planalto Médio, num segundo momento.

Posseiros, compradores ou sesmeiros, podemos nomear os fazendeiros que ocuparam os espaços onde outrora existiam as estâncias jesuíticas. São frequentes as referências aos rios e aos campos da geografia, bem como aos antigos nomes de estâncias e postos organizados pelos jesuítas.

Moacyr Domingues acreditava que, se conseguirmos descobrir os primeiros ocupantes dos campos às margens da Estrada de Carretas, seus dependentes e agregados, teremos identificado os verdadeiros pioneiros do povoamento da região.

Vejamos os nomes então, dos primeiros posseiros da região de Cruz Alta:

Gabriel Rodrigues de Carvalho, chegado à região cerca de 1810, ocupou os terrenos onde hoje assenta a cidade Cruz Alta., à beira mesmo da Estrada de Carretas.

José Tomás da Silva, que consta ter vindo no mesmo ano, estabeleceu-se pouco além, para os lados do Lagoão, à margem oposta da Estrada. O Capitão João José de Barros, em frente a José Tomás da Silva, tendo a Estrada de permeio; seu Irmão, o Alferes Antônio José de Barros, logo adiante de José Tomás da Silva, ao longo da margem direita do Arroio Lagoão.

Manuel Joaquim de Albuquerque que presumimos parente dos irmão Barros, apoderou-se de uma grande extensão de campos desde o Lagoão até o atual Caxambu, aquém, porém, de Belisário, que lhe ficou ao Nascente; mas sua casa parece que se situava nas cercanias do atual Passo do Inglês.

Antônio Moreira Pais localizou-se justamente onde existiriam vestígios da Capela do Menino Jesus e da Alta Cruz, erigidas pelos Jesuítas e onde se aglomeraram os primeiros moradores. Firmino da Silva Moreira, próximo ao povoado.

Na Encruzilhada, ponto onde a Estrada se bifurcava para Botucaraí, radicou-se o morador mais antigo da região, Antônio Moreira da Silva

Vidal José do Pilar, em meados de 1814, ocupou campos entre o Ivaí e o Ingaí, distantes da Estrada. Conseguiu diversas sesmarias, umas requeridas para si, filhos e genros e outras adquiridas de pessoas que já as haviam requerido. Localizou sua enorme área de campos e matos, na costa do Jacuí, desde o lvaí até a Fortaleza dos Valos. Foi ele que redigiu e encaminhou ao Comandante da Fronteira o requerimento solicitando a demarcação do futuro povoado, como a transferência dos moradores do primitivo agrupamento que ficava duas léguas ao Sul. Entre Vidal e a Encruzilhada estabeleceu-se José Joaquim Batista, procedente, com ele, da Vacaria. João José da Barros, incentivador da mudança do povoado, localizou-se por ali.

Fidélis Militão de Moura, parente dos Barros, embora não consangüíneo, chegado pelo ano de 1823 (em 22 batizou o filho Lucidoro no Triunfo) foi-se colocar nos fundos do campo do Alferes Antônio, no Rincão dos Valos.

Cel. João Baptista de Oliveira Mello, cidadão afidalgado, foi chefe político em São Martinho. Integrando informações na árvore genealógica, observa-se que este senhor casou-se com uma neta de Matheus Soares da Silva: Iria Pulquéria da Pureza, filha de Constância Joaquina da Pureza, nascida em Santo Amaro em 1783. Ajudante Antônio de Mello Rêgo também consta estabelecido no Rincão dos Mellos.



Joaquim Thomaz da Silva Prado, que também conseguiu diversas sesmarias, localizou— as desde o Arroio Corticeira, hoje Fiúza, pegando o Palmeira, o Alegrete até o Divisa. Joaquim Júlio da Costa Prado aparece como posseiro entre os Arroios Corticeira e Palmeira.



Manoel José da Encarnação chegado à região em meados de 1822, apossou-se das terras situadas entre os Arroios Corticeira e Porongos, hoje Caxambú. Mas Prado, não satisfeito com tanta terra, ainda invadiu a propriedade de Encarnação, de que resultou prolongada questão judicial, com ganho para este. Estância Encarnação, dos herdeiros de Manoel José da Encarnação, hoje Distrito de Panambi. Manuel se situou longe da estrada, provavelmente porque o que havia mais perto já estava ocupado.


Os chamados “Campos do São Miguel”, talvez devido a excelência de suas pastagens, desde muito cedo despertaram o interesse de Ricardo Antônio de Melo, ainda que distanciados da Estrada. Através deles passava o ramal para Botucaraí, que os aproximava de Rio Pardo.

José da Moura e Silva e José Thomaz da Silva, ambos ao Norte do futuro povoado. Bernardino José Lopes, para as bandas do atual Três Capões. Sargento-mór Francisco de Paula e Silva, Barão do lbicuí, estância do Pinhal. Sargento-mór João Gonçalves Padilha, na sesmaria que tomou o sou nome.

José Macedo de Quevedos, no Rincão que tomou o seu nome; mandou construir uma Capela, hoje Vila Igrejinha dos Quevedos.

Nazário José de Vargas, no rincão que tomou o seu nome. Cel. Joaquim Luiz de Lima, Barão de lnhanduí, costa esquerda do ljuizinho. João Lopes Gavião, na costa direita do mesmo. Major francês, Victor Dumoncel, vindo do Rio da Prata, repontando uma linda tropilha de picaços,


Manoel Gomes da Moraes adquiriu por compra a estância do Lagoão, à margem esquerda deste, com cerca de duas léguas de campo e um dos maiores capões da zona.


Manoel Esteves Veríssimo da Fonseca, vindo com a família, à cavalo e com cargueiros, desde Minas Gerais, ficou ao Oeste, no boqueirão que se chamou de Cadeado.

João Raymundo da Silva Santos, no fundo do Cadeado. José Manoel Lucas Annes, na zona posteriormente Rincão de Nossa Senhora. Francisco Antônio Carpes, a Leste do primitivo povoado. Antônio de Souza Fagundes, José Bernardo Fagundes, Zeferino dos Santos, no Cadeado, hoje Capela. José Caetano de Carvalho e Souza na Guarda da Conceição. Manoel Gonçalves Terra, no atual Rincão de Nossa Senhora.

Domingos AIves dos Santos, na histórica estância da Conceição.

Cacique Batú, na sesmaria São Francisco Solano, dividindo ao Norte com a Conceição.

João Nunes da Silva, na Estância Tupanciretã, dos Jesuítas, com o Posto de São Tomé. Manoel Antônio Severo, na Guarda de São Pedro. Jacinto Pereira Henriques, sobre o Arroio Caneleira.

Matheus e Agostinho Soares da Silva, na sesmaria Céu Azul, à direita do lvaí. Luiz José da Silva, sobras de campos ocupados por Agostinho Soares da Silva, costa do lvaí, 1818,


Antônio Rodrigues Padilha, próximo à Guarda de São Pedro.


João Vieira de Alvarenga, onde localizou-se o Povo Novo, de cuja área foi ele o doador.

Ana Cândida Vieira, à margem direita do lvaí, em 1817. Manoel da Rocha e Souza, ao Norte do Guassupi, 1818. Maria lnácia de Ávila, campos denominados Geribaté, dividindo ao Norte com Luiz José da Silva, 1818.

General José Luiz Mena Barreto, entre Conceição e São João (São Martinho).

João Antônio Bicudo, na costa do Guassupi, que vendeu a F. Trindade, doador da área para o Povoado de São Martinho.

Dados obtidos em: http://www.genealogiacorrea.com.br/GENTROP7.pdf

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