sábado, 8 de agosto de 2015

A espera dos açorianos




Enquanto ocorriam as Guerras Guaraníticas, os açorianos imigrantes aguardavam a posse das terras brasileiras. 

Em 1746, o rei de Portugal comunicara aos habitantes das ilhas dos Açores a oferta de uma série de vantagens aos casais que decidissem imigrar para o sul do Brasil. De acordo com Assis Brasil, Santa Catarina recebeu 860 pessoas em 1750. Veja mais informações em http://assisbrasil.org/

Da monografia de Alexandra Alvin, retirei a figura a seguir, que representa as Ilhas dos Açores.

























O governador Manoel Escudeiro de Souza distribuía os casais açorianos da Ilha de Santa Catarina
para o Sul. Em 1751, o Tenente Francisco Barreto Pereira Pinto foi encarregado de trazer casais açorianos em número de 60, para a Capitania do Rio Grande de São Pedro (atual Rio Grande do Sul).

Em janeiro de 1752, os 60 casais açorianos (aproximadamente 300 pessoas) se deslocaram em uma nau, a fim de ocupar a região das missões, mas ficaram retidos, primeiramente na Vila de Rio Grande, em seguida, no Porto D"Ornellas, atual Porto Alegre, na lagoa do Viamão. Lá ficaram, orientados a ajudar na construção de barcas para conduzir as tropas lusas à região missioneira.

Dizem que estes açorianos, na espera, abandonados a própria sorte, em pleno verão portoalegrense montaram choupanas de taipa e barro, coberta de capim, erguendo-se aqui e ali, com a pressa de construir seu abrigo, as margens da Lagoa de Viamão (Guaíba).

Procurei os nomes destes indivíduos que chegaram da Ilha de Santa Catarina, passando pela Vila de Rio Grande e chegando ao Porto D"Ornelles. Um site que traz alguns nomes, na maioria masculinos, é http://lealevalerosa.blogspot.com.br/2012/03/porto-alegre-em-montagem_1395.html  

Entre os nomes apresentados no site referido acima, negritei os dos pais de Matheus Soares da Silva, meu antepassado, nascido no Porto de Viamão em 8/12/1752: Manoel Pereira Soares e Mariana da Silveira. Ambos vieram da Ilha de São Jorge.

Gregório Gonçalves - Gregório Machado - Francisco Pereira - Bernardo Machado  - Manoel de Espindola - Antônio Martins de Souza  - José Nunes - André Silveira - Manoel de Mendonça - Manoel Gonzaga - Manoel Machado - Antônio Machado - Joaquim de Bittencourt - Luis José Viegas - João Nunes - Teresa Nunes - Francisco Garcia - Manoel de Aguiar Laranja - Antônio Francisco - Manoel Nunes Goulart - Manoel Cardoso - Francisco da Fonseca - Antônio Machado Figueiredo - José Silveira Pereira - Antônio de Souza - José Silveira da Luz - João Inácio, Francisco Garcia (II) - Antônio de Souza Brasil - Manoel Furtado - Antônio Silveira - Manoel Pereira Pinheiro - Manoel Lemos - Tomé Teixeira - Simão Dias - Tomé Machado - Manoel Machado da Silveira - Henrique José - Maria Inácia - Jerônimo de Oliveira - José M. Torrão - Manoel Pereira Soares - Mariana da Silveira - Antônio L. Fernandes - Manoel Silveira - José de Borba - Antônio da Cunha - Francisco de Borba - Antônio da Silveira (II) - Manoel de Borba - Francisco Machado de Borba - Caetano de Borba - Silvestre Vieira - José Antônio da Silva - Manoel Cardoso Beirão - José Silveira de Brito - Vital de Oliveira - Bernardo de Oliveira - Manoel Ferreira Gonçalves - Manoel Pinheiro.

Outra fonte cita os seguintes nomes:

Desses 60 casais, conservamos os nomes de 59 homens, eram eles:

- Gregório Gonçalves, Manoel Ferreira Gonçalves,
- Francisco Pereira, José Silveira Pereira,
- Gregório Machado, Bernardo Machado, Manoel Machado, Antônio Machado, Tomé Machado, Manoel Machado da Silveira, Manoel Silveira,
- Manoel de Espindola,
- Antônio Martins de Souza, Antônio de Souza,
- José Nunes, André Silveira, Manoel de Mendonça, Manoel Gonzaga,
- Joaquim de Bittencourt, Luis José Viegas,
- João Nunes, Teresa Nunes,
- Francisco Garcia, Manoel de Aguiar Laranja, Antônio Francisco,
Manoel Nunes Goulart, Manoel Cardoso, Francisco da Fonseca, Antônio Machado Figueiredo, José Silveira da Luz,
- João Inácio, Francisco Garcia (II), Antônio de Souza Brasil, Manoel Furtado, Antônio Silveira, Manoel Pereira Pinheiro, Manoel Lemos, Tomé Teixeira, Simão Dias, THenrique José, Maria Inácia, Jerônimo de Oliveira, José M. Torrão, Antônio da Cunha, Antônio da Silveira (II), Silvestre Vieira, José Antônio da Silva, Manoel Cardoso Beirão, José Silveira de Brito, Vital de Oliveira, Bernardo de Oliveira, Manoel Pinheiro.
- Manoel Pereira Soares, Mariana da Silveira,
- Antônio L. Fernandes,
- José de Borba, Francisco de Borba, Francisco Machado de Borba, Caetano de Borba, Manoel de Borba,

Na região de Porto Alegre, já moravam entre outras famílias, os seguintes portugueses que chegaram anteriormente:

1) Jerônimo de Ornellas Meneses e Vasconcellos (1732), que passou a administração da propriedade do filho Raimundo de Ornellas e mudou para Villa de Santo Amaro (Triunfo) em 1957.

2) Dionísio Rodrigues Mendes (1735),

3) Sebastião Chaves Barcelos (1736),

4) Francisco Antônio da Silveira, o “Chico da Azenha” (1751), veio com os primeiros casais açorianos deslocados da Ilha de Santa Catarina para a Vila de Rio Grande. Chegando ao porto de Rio Grande, os casais desta primeira leva abandonaram a nau e somente sua família, resistiu até o final desta primeira viagem e chegou a Porto Alegre. Os demais casais foram assentados à entrada da Barra, hoje cidade de São José do Norte. 

Em 19 de outubro de 1752, chegou a primeira tropa que se instalou em Porto Alegre,  naquele porto, nas terras de Jerônimo de Ornellas, para dar assistência aos açorianos que estavam construindo os barcos junto à Lagoa do Viamão e levá-los às terras que deveriam ocupar na região das Missões.

A tropa era formada por exploradores paulistas transformados em militares. como mostra a carta do Rey enviada à Colonia em 15-02-1753, dirigida a Diogo do Mendonça Corte Real:

“Mandei indagar o melhor caminho para terra das Missões; espero os exploradores (Paulistas) para a determinação que deve tomar no transporte das famílias (de açorianos) que daquela vila (Rio Grande) se hão de ir estabelecer nos seus destinos, tendo já algumas famílias e tropa em Viamão para subirem o rio Grande acima e, no caso de guerra, atacar a aldeia de S. Ângelo e, no do estipulado (no Tratado), povoá-lo”.

Veja em: http://lealevalerosa.blogspot.com.br/2012/03/porto-alegre-em-montagem_1395.html


Os casais açorianos que seguiram para as missões e pararam em Triunfo/RS, a espera da conclusão dos conflitos guaraníticos, foram acompanhados do Padre Faustino Antônio de Santo Alberto.

Em 19 de outubro de 1752, no Porto do Viamão ou d’Ornellas (atual Porto Alegre), nas terras de Jerônimo de Ornellas, chegaram “60 milicianos” da tropa do coronel Cristovão Pereira de Abreu, comandados pelo capitão Matheus de Camargo Siqueira (a primeira tropa que se instalou em Porto Alegre, após a chegada dos casais açorianos), para dar assistência aos habitantes, que foram destacados para construir barcos junto a Lagoa do Viamão (Lago Guaíba) que levassem tropas lusitanas e os Casais Açorianos as terras que deveriam ocupar na região das Missões.

Destes 8 eram “negros” (talvez os primeiros da região).

- Junto com os milicianos veio um capelão militar nomeado, da Ordem Carmelita, FreiFaustino Antônio dos Santos Alberto Silva para servir de capelão aos casais das ilhas, foi erguida uma pequena capela, com a invocação a “São Francisco Xavier”, homenagem ao santo jesuíta.


Em 23 de novembro de 1752, no Porto de Viamão (atual Porto Alegre), se lê na Provisão de Gomes Freire de Andrade:

Fico entregue de 60 pessoas que consta na lista acima, todos com suas armas e assim mais oito machados, sete facões, dois caldeirões e cinco tachos, dois surrões de bala e um dito de munição que de tudo conta como também de um barril de pólvora encapado e outro encestado o que recebi do coronel Cristovão Pereira de Abreu.”


Margem do rio de Viamão, 23 de novembro de 1752.

(Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul)


Alguns casais açorianos foram embora com as tropas para o interior do Continente, e os que ficaram aguardando o fim dos Conflitos Guaranis, receberam autorização deJerônimo de Ornellas Meneses e Vasconcellos (dono das terras) para plantar pequenas hortas para subsistência em cantões de sua estância, outros se empregaram como artesões no reparo e construção de “sumacas, fragatas, brigues e fazer canoas”junto a Ribeira (área próxima ao Mercado Público), este ofício que originou uma tradição que perdurou por séculos, os estaleiros na orla do Guaíba.

Na espera, abandonados a própria sorte, em pleno “Verão”, as margens da Lagoa de Viamão (Guaíba) montaram choupanas de taipa e barro, coberta de capim erguendo-se aqui e ali, na pressa do colono em construir seu abrigo, e aguardaram, mesmo após o término dos conflitos, durante quase 20 anos, quando por final irão receber suas “Datas”(lotes de terras) de 281.250 braças quadradas (2.200 m x 616 m = 135,5 hectares).

Fonte: http://www.alfredo.com.br/arquivos/gentrop1.pdf

8 comentários:

  1. Minha mãe, falecida, gaúcha de Porto Alegre, é descendente de açorianos e possivelmente de judeus distantes. Descobri ao testar haplogrupo matrilinear T1, Tem 100% de coincidência com uma açoriana e com alguns judeus sefarditas espalhados entre Israel e Líbia.
    Como posso descobrir mais sobre as linhagens ascendentes e descendentes destes casais? Alguns dos sobrenomes coincidem com sobrenomes na minha família materna.
    Muito obrigado.

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    1. Olá Paulo, interessante seu comentário. Eu fiz um teste de DNA, da Ancestry que não é o mitocondrial que tu fizeste, no entanto ele liga mais precisamente as 5 gerações passadas das quais sou descendente. O teste mostrou apenas descendência portuguesa e também portugueses açorianos. Poderei me informar qual teste tu fizeste? Obrigada
      Elisandra

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    2. FTDNA - eles fazem 3 tipos de teste e eu fiz os tres: mitocondrial (linha matrilinear) cormossomo Y (patrilinear) e grupo familiar que é basicamente o mesmo do Ancestry de Utah que eu fiz também

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    3. Talvez seja tarde demais para dar esta resposta, mas para quem quer que interesse, o site FamilySearch possui muitas informacões de linhagens e documentos digitalizados.

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    4. O povoamento dos Açores contou com muitos cristãos sefarditas.

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  2. Maria da Gloria gostaria de ficar em contato com você. Estou fazendo minha árvore genealógica e também descendo de açorianos.

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  3. Oi, sou descendente de Jeronimo de Oliveira e de Jeronimo de Ornellas. Infelizmente meu teste de mt dna não contempla esta parte da família.

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  4. Sou descendente do casal FRANCISCO MACHADO DE BORBA e CATARINA DE JESUS, assentados em 26.3.1772 em Morro Grande, Viamão (RS).

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