domingo, 6 de setembro de 2015

Alegrete/RS



Em busca dos ascendentes, lemos textos sobre o Alegrete dos anos 1816 a 1835.

Um dos artigo se concentra na análise das relações de compadrio dos oficiais milicianos, na capela de Alegrete, entre 1816 e 1835. As principais fontes empregadas para isso são os registros de batismo e as correspondências oficiais.

O artigo de Luis Augusto Farinatti pode ser lido em http://revistas.unisinos.br/index.php/historia/article/download/htu.2012.163.03/1298

O universo de pessoas que compareceram perante a pia batismal da capela reflete essa heterogeneidade. Em um total de 2.624 registros, 81% eram batismos de pessoas livres, 1% de libertos e 18% de escravos.

Segundo o texto, no dia 1º de fevereiro de 1823, o tenente João Batista de Castilhos e sua mulher, dona Julia Joaquina da Silva, levaram seu filho Thomaz, de 4 meses de idade, para batizar na capela de Alegrete, na província do Rio Grande do Sul. Os padrinhos foram o tenente-coronel Bento Manoel Ribeiro e sua esposa, dona Maria Mâncio da Conceição (Family Search, s.d.). É possível imaginar que o ato tenha ganhado algum destaque naquele povoado de fronteira. Tratava-se de duas famílias da elite da região: grandes fazendeiros, importantes oficiais milicianos, sesmeiros.

A constatação de que os grupos dominantes locais portavam essas características é um lugar-comum historiográfico. O problema é que, muitas vezes, os questionamentos param exatamente onde deveriam começar. O que podemos mesmo saber sobre esses setores de elite?

Nas primeiras décadas do século XIX, os lusobrasileiros promoveram movimentos de conquista das
áreas disputadas com o Império colonial espanhol, localizadas a oeste e sul do Rio Grande de São Pedro. Esses movimentos geraram a apropriação de territórios da margem esquerda do rio Uruguai, dantes pertencentes aos povoados missioneiros guaranis. Tratavam-se de zonas ricas em animais vacuns e cavalares. Ali, eles estabeleceram unidades produtivas dedicadas à pecuária e, em menor
escala, à agricultura, trouxeram suas famílias e adquiriram escravos africanos.Dentro desse contexto, as diferentes parcialidades de guaranis missioneiros tomavam posições diversas: aliavam-se a algum dos lados em guerra, migravam, buscavam se recolocar em suas antigas possessões, agora sob novas e instáveis ordenações políticas. Além  de tudo, remanescentes dos grupos charrua e minuano também procuravam sobreviver e manter sua autonomia (FARINATTI, p.296).

Foi sobre esse território de fronteira, de povoamento multiétnico, que os luso-brasileiros ergueram uma capela, em 1812, às margens de um dos afluentes do Rio Ibicuí. O primeiro edifício da capela foi queimado, quatro anos depois, pelas forças artiguistas. Reconstruída, em 1817, nas proximidades do Rio Ibirapuitã, a capela passou a servir de referencial para o governo imperial português e
também para a população que ali se instalava, sob o nome de Nossa Senhora da Conceição Aparecida de Alegrete. Sua imprecisa jurisdição serviria de base para a criação do município de Alegrete, em 1831 (FARINATTI, p.296).


Entre as sesmarias identificadas no Alegrete a partir de 1814 estão:

Nome: Anacleto Francisco Goularte
Ano: 1814
Concessor: D. Diogo de Souza
Extensão: 1 légua de frente, 3 de fundos
Confrontação a oeste com Albano Machado, Manoel Vargas, a Leste, com Manoel Antonio Severo, Manoel Francisco

Nome: Antonio de Araujo
Ano: 1814
Concessor: D. Diogo de Souza
Extensão: 11 léguas de frente, 12 de fundo

Nome: Antonio Jose da Silva
Ano: 1823

Nome: Florencio Antonio de Araujo
Ano: 1815

Nome: Floriano Alves de Araujo
Ano: 1816
Extensão: 1 legua de frente, 3 de fundos

Nome: João de Lima
Ano: 1814
Concessor: Dom Diogo de Souza
Extensão: Confronta ao Norte com Albino de Lima

NOme: João Pereira Soares
Ano 1814
Concessor: D Diogo de Souza
Extensão: Perto do Caverá e da estânica de São Luiz

Nome: Joaquim Francisco da Silva
Ano: 1816
Concessor: Marques de Alegrete
Extensão: 1 légua de frente, 3 de fundos

Nome: José da Silva Pereira
Ano: 1821
Concessor: Manoel Marquês de Souza
Extensão: 1 légua frente, 3 de fundos, São Martinho

Nome: José Francisco Rodrigues
Ano: 1823

Nome: Joaquim Luiz da Cunha
Ano: 1814
Concessor: Dom Diogo de Souza
Extensão: 3/4 légua frente, 3 de fundos



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