sábado, 17 de dezembro de 2016

Rio Pardo/RS

No contexto da disputa por esses territórios pelas Coroas Ibéricas, o Tratado de Madrid (1750), entre outros pontos, determinou a troca da Colônia do Sacramento pelos Sete Povos das Missões. O governador e capitão-general da Capitania do Rio de JaneiroGomes Freire de Andrade (1733-1763), foi indicado pela Coroa portuguesa para chefiar os trabalhos de demarcação exigidos pelo tratado, na região sul. Desse modo, no lugar descrito por Francisco de Brito Peixoto, à margem esquerda do rio Jacuí, próximo à foz do rio Pardo, aquele governador determinou que se levantasse um depósito de provisões e víveres, aí estabelecendo o seu quartel-general (1751). Este foi o embrião do Forte Jesus, Maria, José do Rio Pardo, núcleo da atual cidade de Rio Pardo (Wikipedia - Forte Jesus Maria Jose).



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Tropeiros, milicianos e alferes

Novamente sobre São Martinho


Boa parte do elemento humano que povoou a região de Cruz Alta se deu a partir do tropeirismo. Eram paranaenses ou paulistas que vieram do Norte, saindo de Sorocaba, Itu ou Itapeva, em São Paulo, ou Curitiba, Castro, Ponta Grossa e Lapa no Paraná e chegando a Lages em Santa Catarina ou aos campos de Cima da Serra(Santo Antônio da Patrulha), Vacaria e Lagoa Vermelha no Rio Grande do Sul, num primeiro momento e, às Missões ou Cruz Alta e Passo Fundo, no Planalto Médio, num segundo momento (Gentrop vol. 2).

Pela antiga Estrada das Missões haviam alcançado os Campos de Cima da Serra e por eles o Planalto Médio do Rio Grande do Sul, onde participaram da fundação das suas primeiras comunidades campeiras. Pela nova Estrada das Missões se estendem para o atual Oeste catarinense e para as regiões do Alto-Uruguai, no Rio Grande do Sul. Aqui atuaram no desbravamento dos Campos de Nonoai e na fundação e povoamento de Palmeira das Missões (Roselys Velloso Roderjan).

O isolamento que caracterizou as primeiras comunidades, originou populações diminutas que ocupavam vastos espaços físicos, vivendo em seus sítios e fazendas, enquanto que as vilas e povoados cresciam lenta e pobremente.

A região mais Meridional de Cruz Alta, compreendendo São Martinho( depois Júlio de Castilhos e Tupanciretã) e, ao Leste da Povoação de Cruz Alta( Cadeado), devido a presença de campos abertos, propícios para a criação, eram tomadas por inúmeras estâncias Jesuíticas. Muitas fazendas, possessões de tropeiros paulistas e rio-grandenses, herdaram os nomes e antigas Estâncias Jesuíticas, ou de seus Postos, e até hoje conservam esses nomes. Já campos ao Norte e Leste tinham matas, ervais e começaram posteriormente a serem povoados.

MARIA EFIGENIA DO ÂGUIAR (D.) 1 leg. de frente por 3 legs. do fundos
Campos na fronteira do Rio Pardo, confrontando: ao Norte com uma vertente que nasce na
Coxilha e corre para a Serra Geral; ao Sul, com a dita Serra Geral, ao nascente, immediata á
Estrada Velha do tempo dos hespanhões e divide os da campos de Matheus Soares da Silva; a
Leste, com a Invernada de Antônio Rodrigues de Andrade e, a Oeste, com o Arroio Ibicuhy.
Manoel Marques de Souza, fidalgo da casa de S. M. El-Rey. 1821

LUIZ JOSÉ DA SILVA 1 leg. de frente e 3 leg. de fundos
Sobras de uns campos na fronteira do Rio Pardo dos quaes está de posse Agostinho
Soares e sitos á margem do rio lbay3.
Marquez de Alegrete 1818 208

JOSÉ LUIZ MENNA BARRETO 1 leg. de frente e 3 de fundos(não excedendo a)
Sobras de uns campos na fronteira de Rio Pardo, denominados São Pedro, juntos ao
banhado grande, que separa a Estancia da Conceição de São João, e onde se acha
estabelecido Agostinho Soares.
Marquez de Alegrete 1816 86

ANNA CÂNDIDA VIEIRA 3 leg. de frente fundos
Campos sitos á margem do rio Bahy(?)* 5, fronteira de Rio Pardo. Confrontam: a Leste com
o campo mixto e a posse de Ricardo Antônio de Mello vendida a Joaquim Pardo; a Oeste com
outro de Agostinho Soares, separados pelo mesmo rio; ao Norte com campos devolutos, e ao
Sul com a parte do pertencente ao Capitão Carlos dos Santos Barreto, onde faz divisa com o
mencionado rio.* Deve ser o arroio Imbahá.

MANOEL DA ROCHA E SOUZA 1 leg. de frente 3 leg. de fundos
Rincão de campo na fronteira do Rio Pardo, que confronta: ao Norte com o arroio
Guassupy6; ao Sul com a Serra Geral; a Leste com um durasnal grande, donde nascem duas
vertentes — uma desagua nas cabeceiras do Ibicuhy e a outra no dito Guassupy; a Oeste faz
fundos á mesma Serra Geral.
Marquez de Alegrete 1818 

ANTÔNIO CAETANO DE SOUZA 1 leg. de frente por 3 de fundos
Sobras nos campos na fronteira do Rio Pardo, sitos no logar denominado Santo Antônio e
de que estava de posse Carlos dos Santos Barreto. Dividem-se, pela frente, com campos de
Matheus Soares; por um lado com campos de Agostinho Soares e pelos fundos com a Serra de
São Martinho.
Dom José Castel Branco, Conde da Figueira 1818


Sesmarias que mencionam os irmãos Agostinho e Matheus Soares da Silva.

Caçapava do Sul







Em Caçapava do Sul existe um forte cuja construção foi iniciada, mas não concluída. Fica bem no meio da cidade. É o chamado Forte de Dom Pedro II.

 photo cacapavaforte_vaerea.jpg



Forte e Igreja - Caçapava 01
By Panta LH (Own work) [CC BY-SA 4.0], via Wikimedia Commons

sábado, 1 de outubro de 2016

Itaara/RS

O site da Prefeitura Municipal de Itaara/RS conta que foram doadas sesmarias a Luciano Pinheiro e João Batista de Oliveira Melo, paulista, cidadão afidalgado e chefe político em São Martinho, comandante da Guarda Nacional na região, e assim se deu a sua origem.

A presença do povo autóctone era representativa. Segundo o historiador Romeu Beltrão (1958), em 1634 houve em São Martinho da Serra a criação da missão jesuítica de São Cosme e São Damião pelo padre Adriano Formoso. O fluxo de índios era intenso e as terras de Itaara foram habitadas e exploradas por tal povo. No atual município há relatos do encontro de objetos e de tipos de abrigos utilizados pelos índios.

A relação com São Martinho da Serra continua com a construção do Forte Espanhol ou Trincheira de São Martinho, representando a fronteira entre o lado espanhol e o português. Fronteira constantemente alterada com os diferentes tratados assinados entre as coroas de cada Império.

A presença de contingente militar em fluxo permanente pela região de Itaara é salientada pelos historiadores

A construção da antiga Estrada do Pinhal, aberta ao trânsito público, por ordem do governo republicano em 1840, encurtando o percurso entre Santa Maria e Cruz Alta, que antes era feito pela estrada de São Martinho da Serra.


O comandante João Batista de Oliveira Melo, dos primeiros sesmeiros de Itaara, casou-se com  Iria Pulquéria da Pureza, mãe de João Câncio Pulquério e Melo. Ela era filha de Constância Joaquina da Pureza com Joaquim José César e neta de Matheus Soares da Silva.


Taquari/RS

A fundação de Taquari, em 1764, pelo governador do Rio Grande do Sul, Coronel José Custódio de Sá e Faria, deve ser considerada como episódio vinculado à estratégia militar do Estado português sobre um território ameaçado. A efetivação dessa fundação era tão importante que foi uma das primeiras ações que o governador  realizou ao tomar posse. Está associada à construção do forte denominado Reduto Nossa Senhora da Conceição.  A obra durou de 06/1764 a 04/1769. Durante esse breve período, a instalação dos açorianos pela concessão das datas preponderou sobre as outras formas de distribuição de terras, isto é,  sobrepôs-se à concessão das sesmarias.


Quando de sua fundação, em 1764, Taquari contava com mais de 60 famílias açorianas. Nos livros dos registros da paróquia de São José do Taquari, fundada em 1765, constam os nomes das famílias de acordo com as ilhas açorianas de procedência.

Em 25 de outubro de 1770, o governador seguinte, Coronel Marcelino de Figueiredo, por intermédio do Capitão Alexandre José Montanha, delimitou o terreno destinado à acomodação dos casais açorianos. O território das datas foi subtraído de estâncias já estabelecidas (Balém, 1952). O Capitão Montanha demarcou as terras a serem divididas entre os 60 casais que se encontravam em Taquari. Para cada casal foi destinada meia légua em quadro (aproximadamente 270 hectares). Meia légua também foi destinada para ser o logradouro da povoação, pois as datas deveriam ser distribuídas de maneira a formar as povoações, contemplando um local central para a localização da igreja. Para facilitar o processo de demarcação de terras, José Montanha confeccionou o primeiro mapa de Taquari, em 1771. 

 Em 1780, a população de Taquari somava 689 habitantes, evoluindo para 916 em 1803 e para 1.714 no ano de 1814.



http://www.cicvaledotaquari.com.br/portal/wp-content/uploads/artigo_sobre_o_periodo_colonial.pdf

http://www.taquari.rs.gov.br/pagina/id/2/?historia-do-municipio.html

http://oscaminhosdosul.blogspot.com.br/2010/09/taquari.html


Matheus Soares da Silva

O trabalho de Alexandra Alvin conta que o apadrinhamento era uma estratégia de posicionamento na estrutura social entre os açorianos, observando o processo naquela localidade. Ela afirma que este sesmeiro foi padrinho de muitas crianças nascidas em Santo Amaro, assim como seus genros e outros familiares.

A estudante do curso de História da UFRGS analisou registros de batismo do período de 1757 a 1774. Os Registros foram feitos pelo Padre Tomás Clarque, primeiro pároco de Triunfo. Naqueles tempos o registro batismal atestava o nascimento, pois a igreja fazia o papel do Estado. As crianças eram batizadas poucos dias após o nascimento. Para ler o trabalho, acesse:

Uma cópia ainda existente da certidão de batismo de Matheus atesta que foi afilhado do pioneiro Jerônimo de Ornellas. Este foi o primeiro sesmeiro de Porto Alegre e é antepassado de boa parte da população riograndense. Tendo chegado ao Rio Grande do Sul em 1732, mudou para Villa de Santo Amaro (Triunfo) em 1957, onde faleceu em 1771.



Fonte: http://mariliagudollegottens.blogspot.com.br/2011/11/genealogia-de-nossos-ancestrais-silva.html

Matheus e Agostinho tiveram quatro irmãs: Antônia, Ana, Teresa e Juliana.

Antônia casou-se com José Francisco da Silveira. Ana teve dois casamentos. Teresa casou-se com Bento Coelho e Juliana casou-se com Clemente Carlos dos Reis. Quem seriam estes cônjuges, na localidade de poucos habitantes que era Santo Amaro? Descobriremos e postaremos!

Já sabemos que, no ano de 1803, Processo nº: 3946, foram inventariados Clemente Carlos dos Reis e sua mulher Juliana Soares da Silva, que possuíam 02 escravas, 02 feminino Teresa, 16 anos, e Leocádia. O inventário correu na vara de famílias e sucessões da comarca de Porto Alegre. Permaneciam em Santo Amaro?

Quem sabe, os encontraremos na lista de militares que seguia com os açorianos pelo Jacuí, de Viamão para a terra prometida?

A árvore a seguir mostra os irmãos de Matheus Soares da Silva,a mulher, os pais e os avós.
Vendo a figura observamos que Manoel e Antônio, os avôs de Matheus, ambos nascidos em São Jorge, carregam os sobrenomes "Gomes da Silva" e "da Silveira Silva". As avós, por sua vez, também nascidas em São Jorge, são "Dias da Silveira" e "Teixeira da Silva".

Relembrando os nomes dos açorianos que chegaram neste grupo a Porto Alegre, vemos que outros casais carregavam estes sobrenomes. Seriam primos, irmãos ou parentes? Ou a distribuição de sobrenomes era aleatória e condicionada por determinantes que não se pode identificar?

É belo observar, curtindo os blogs dos interessados pelo assunto, que o irmão de Matheus, Agostinho, nasceu anos depois, já na freguesia de Triunfo, em 1762. O grupo avançara até Santo Amaro pelo Jacuí, e ali ficara por anos, esperando o fim das Guerras Guaraníticas.
Uma referência interessante para conhecer mais sobre a trajetória dos açorianos, das ilhas ao continente, é o trabalho de conclusão de curso de Alexandra Lis Alvim. Ela estudou os registros batismais feitos em Santo Amaro/RS, quando esta povoação ainda pertencia à freguesia de Triunfo/RS.

Em 27 de fevereiro de 1772, quando assentado com sua família na localidade de Santo Amaro, Matheus Soares da Silva, irmão nascido em 1752 em Viamão, casou-se em Triunfo com Maria Angélica de Jesus. Ela era filha do casal Matheus Corrêa e Josefa Maria, oriundos da Ilha de São Jorge, tal como os pais de Matheus Soares da Silva. Ela nasceu em São José do Norte quando seus pais estavam assentados na entrada da Barra, pois eram do grupo dos primeiros casais deslocados, e não daquele que seguiu do Porto dos Casais para Santo Amaro com os milicianos. 

Matheus tinha 20 anos de idade quando casou. Li no blog de Marília Gottens. Os pais do casal, Manoel Pereira Soares e de Mariana da Silveira, eram açorianos de São Jorge. O testamento dos pais de Matheus Soares da Silva foi aberto em Rio Pardo em 1810. Os filhos de Matheus nasceram a partir de 1775. A primeira filha foi Gertrudes Soares da Silva.

Encontramos o inventário de Mateus Pereira da Silva, que foi casado com Gertrudes. No ano de 1800 – Processo nº: 3945, vemos a descrição de que possuía 09 escravos, 05 masculino, 04 feminino. É possível. Sendo assim, Mateus deixou Gertrudes com 04 filhos pequenos que foram criados pelo segundo marido, Manuel Francisco da Silva, com quem teve mais 06 filhos antes de morrer, aos 50 anos de idade, já em Santa Maria, em 1825.

Veja mais sobre Matheus Soares da Silva e Maria Angélica de Jesus em

http://mariliagudollegottens.blogspot.com.br/2011/12/arvore-de-costado-de-matheus-soares-da.html

O capitão-engenheiro Alexandre José Montanha, era braço direito do governador José Marcellino de Figueiredo, veio de Portugal em 1766, para servir como capitão durante seis anos, mas acabou ficando 16. Deixou importantes realizações a assessorou o governador em todos os seus planos, montando bases militares e fixando populações. Além de demarcar as datas de terra aos casais açorianos em Porto Alegre, também em Santana das Lombas, em Taquari (primeiro povoado açoriano do RGS), em Estreito e Santo Amaro (Triunfo).

A 08 de agosto de 1772, no Porto dos Casais (atual Porto Alegre), nova distribuição de terras, mas nem todos compareceram para pegar o Certificado.

O primeiro açoriano a receber o título das terras foi Antão Pereira, faleceu logo depois, a viúva assumiu a posse.
Em 02 de setembro de 1780, o Capitão Montanha foi promovido a Sargento-Mor, dois anos depois pediu para voltar a Portugal onde deixou família.

http://lealevalerosa.blogspot.com.br/2012/03/porto-alegre-em-montagem_1395.html

REFERÊNCIAS


ALVIN, Alícia Lis. Das ilhas ao continente...Disponível em https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/66954/000870063.pdf?sequence=1

PUFAL, Diego de Leão. A família Câmara, in blog Antigualhas, histórias e genealogia, disponível em http://pufal.blogspot.com.br/



http://mariliagudollegottens.blogspot.com.br/2011/11/genealogia-de-nossos-ancestrais-silva.html

Bossoroca/RS



O site da Prefeitura Municipal de Bossoroca/RS conta que a independência das províncias ocorreu em 1810 e, em 1816, este território foi dividido em sete freguesias, os sete povos. Bossoroca passa a pertencer á freguesia de São Borja. Por volta de 1816, a ocupação das terras seguiu a política da Coroa Portuguesa: a doação de sesmarias. 

No ano de 1823, chegou em Bossoroca um dos primeiros povoadores, Jose Fabrício da Silva, nascido em 1797, em Curitiba/PR. Ele tomou uma área hoje conhecida por Igrejinha. Seu irmão Antônio Fabrício da Silva (1801-1891) casou-se com Maria Joaquina Ferreira de Moraes (1823-1882), esta descendente de meu ancestral João Ferreira de Moraes, nascido em Rio Pardo em 1769 e falecido em 1821, em São Borja. 

Jose Fabrício da Silva tinha outro irmão, Ramão. O filho de Ramão também se chamou José Fabrício da Silva, nascido em 1823. Ele se casou com outra filha de João Ferreira de Moraes, Mariana Ferreira de Moraes, e teve Candida Fabrício da Silva, casada com José Lopes da Silva (1838-1874). Essas famílias eram, possivelmente, vizinhas em São Borja, na região de Bossoroca/RS.